Sami Shalabi, diretor de Engenharia do Google Notícias, e Marco Túlio Pires, coordenador do Google News Lab no Brasil, falam sobre como a Google News Initiative pode ajudar leitores a ampliar sua perspectiva da realidade, jornalistas a desenvolverem as habilidades necessárias para enfrentar os desafios do digital e a imprensa a prosperar de forma sustentável.
Este é um ano de eleições, o que torna ainda mais crucial para o Google apoiar o jornalismo de qualidade. Isso é extremamente importante para os usuários, os veículos e, acima de tudo, para a democracia.
Por isso, em março, lançamos a Google News Initiative, nosso projeto para ajudar o jornalismo a se desenvolver na era do digital. A iniciativa é organizada em três pilares: elevar a qualidade do jornalismo, evoluir os modelos de negócio e acelerar a inovação tecnológica nas redações. Gostaria de falar sobre cada uma delas.
1. Contribuir para a evolução dos modelos de negócios
O novo Google Notícias foi criado para ajudar os leitores a encontrarem conteúdos de qualidade e com múltiplas perspectivas, e para dar suporte às organizações jornalísticas que produzem e publicam esse material. O Brasil não perdeu tempo em aderir à plataforma - o país já está entre os cinco maiores em usuários ativos diários.
O Google Notícias traz várias funcionalidades para manter o público bem informado, como por exemplo, uma seleção personalizada de manchetes diárias e as principais notícias mundiais.
Em ano de eleições, é ainda mais importante que os brasileiros consigam formar uma visão abrangente dos candidatos e suas propostas. E também oferecer ferramentas que favoreçam o crescimento dos veículos. Há duas novas funcionalidade no Google Notícias que acreditamos serem capazes de ajudar decisivamente esses dois públicos.
Como são os debates sobre os assuntos atuais na sua família? Interessantes? Provavelmente, não. Nossas pesquisas mostram que para uma discussão ser produtiva, todos os envolvidos precisam ter acesso à mesma informação. Pensando nisso, implementamos a funcionalidade "Cobertura Completa" no Google Notícias, para oferecer histórias diversas sobre um mesmo assunto vindas de diferentes publicações.
A "Cobertura Completa" foi desenvolvida usando técnicas de inteligência artificial que nos permitem mapear as relações entre os participantes de uma história e compreender as pessoas, lugares e coisas envolvidas nela conforme ela se desenrola.
Por exemplo, no recente surto de febre amarela, a "Cobertura Completa" funcionou assim: começamos com um conjunto de manchetes que contavam o que tinha acontecido. Em seguida, organizamos os principais aspectos da história em uma linha do tempo de momentos-chave com explicações em tempo real para ajudar as pessoas a entenderem a origem da histórias e seus desenvolvimentos. Também publicamos respostas para as perguntas mais populares sobre o assunto, e para ampliar a perspectiva dos leitores, incluímos tweets de vozes relevantes, opiniões, análises e artigos de verificação de fatos. Em todos esses casos, a nossa inteligência artificial sinalizava porque a informação era importante e o valor que ela agregava.
A funcionalidade Cobertura Completa do Google Notícias oferece uma visão 360º que vai muito além de simplesmente passar os olhos nas manchetes. A gente espera que com ela, o próximo debate em família durante o almoço de domingo seja mais produtivo.
Queremos também estimular os veículos a diversificar seus modelos de negócios e lutar contra a desinformação.
Dentro do Google Notícias, especialmente na Cobertura Completa, encontramos matérias produzidas por diversas organizações jornalísticas, e elas nos informaram que um jeito de as ajudarmos a prosperar seria tornando o processo de assinatura dos sites mais simples. Para isso, criamos a aba Banca, na qual os leitores podem seguir e assinar as publicações do seu veículo preferido com apenas um toque na tela – com o "Assine com o Google", o leitor não precisa se preocupar com formulários, cartões de crédito ou senhas na hora de se cadastrar.
2. Elevar a qualidade do jornalismo
A queda da credibilidade da imprensa é uma das maiores ameaças ao jornalismo hoje no mundo e não é muito diferente no Brasil. De acordo com um estudo do Instituto Reuters, a média global da credibilidade na imprensa caiu para 43% no ano passado, o menor nível histórico.
No Brasil, só 30% das pessoas acreditam que a imprensa está livre de influência política indevida.
Como a imprensa pode fortalecer a relação de confiança que tem com seus leitores e mostrar o impacto que causa no mundo? Esse é o objetivo do Impacto.jor, uma parceria entre a Google News Initiative e o Centro Internacional para Jornalistas.
O Impacto.jor, uma iniciativa que nasceu aqui no Brasil e já está sendo exportada para outros países, incluindo os Estados Unidos, é uma coalizão de organizações jornalísticas que usa tecnologia com suporte do Google para medir o impacto do jornalismo que produzem. Essa coalizão está abrindo novos caminhos ao monitorar as redes sociais, decisões do Supremo e de outros tribunais, comentários de leitores e muito mais – tudo isso com o objetivo de entender exatamente como o trabalho de editores e repórteres provoca mudanças reais na nossa sociedade. Essa inteligência sobre impacto será usada para enriquecer o faturamento dessas organizações, potencialmente trazendo mais assinantes e novas oportunidades de negócio.
Conteúdo enganoso é outro desafio que temos hoje e o Google está comprometido em ajudar o ecossistema de notícias a enfrentar essa questão. A Google News Initiative é membra fundadora e apoiadora do First Draft News, no Centro Shorenstein de Harvard, uma das principais organizações mundiais em pesquisa e desenvolvimento de projetos sobre a verificação de conteúdo online.
Em 2017, o First Draft desenvolveu projetos na França, Alemanha e Reino Unido, e o Google irá apoiar as atividades da organização no Brasil.
3. Acelerar a inovação nas redações
Estamos criando programas para ajudar os jornalistas a desenvolverem as habilidades necessárias para enfrentar os desafios da era digital. Por exemplo, como as redações poderiam usar a força dos dados para cobrir uma eleição bastante polarizada? Ou como elas poderiam identificar e desbancar um conteúdo digital enganoso?
Só no ano passado, oferecemos treinamento a 18 mil jornalistas aqui no Brasil. E vamos fazer mais em 2018; agora em junho, mil e setecentos estudantes e jornalistas brasileiros começaram o curso online "Como cobrir as eleições sem errar". Também abrimos inscrições para um novo curso digital gratuito voltado para estudantes, repórteres e editores de todo o Brasil, chamado "Como desbancar as fake news e nunca mais chamá-las por esse nome", onde será discutido como identificar e desbancar o conteúdo enganoso ou fabricado que circula pela internet.
A Google News Initiative apoia esses cursos e eles são oferecidos pela Associação Nacional de Jornais e pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas em parceria com o First Draft.
Sabemos a importância do jornalismo de qualidade para o fortalecimento das democracias e entendemos que 2018 é um ano crucial para o Brasil, especialmente com as eleições de outubro. Por isso, estamos trabalhando lado a lado com a imprensa para ajudá-las a navegar pelos desafios que o jornalismo digital enfrenta hoje.