O momento histórico que estamos vivendo tem causado profundas mudanças nas nossas vidas pessoais e profissionais. Seja em casa, seja no trabalho, prioridades foram alteradas e estratégias precisaram ser revistas com assertividade e rapidez. Diante de tantas incertezas, agências e profissionais de marketing têm se dedicado a entender como podemos atravessar a crise — e viver de uma nova forma, melhor, quando o pior passar.
Neste cenário dinâmico, as agências, com ajuda de dados, experimentação e criatividade, têm apontado caminhos possíveis para seus clientes superarem a crise e entenderem os novos movimentos de consumo. Mais que prestadoras de serviços, são importantes aliadas no entendimento desse novo normal.
Para entender melhor essas mudanças sob a perspectiva das agências, falamos com 6 líderes brasileiros sobre os desafios que eles vêm enfrentando e quais foram as mudanças de estratégia que eles adotaram. Eles também compartilharam conosco aprendizados e desejos para os próximos meses.
Tendências: colocando o discurso em prática
“A macrotendência é a pauta do coletivo. Estamos vivendo uma grande lição de como tudo está interligado e acho que isso vai ter um impacto gigante nos negócios e no jeito como empresas e marcas se comunicam. Outra tendência é a ação: o que antes era discurso precisa ser prática agora. Nada mais se sustenta só com discurso. Chegou a hora de agir e eu acho isso maravilhoso. Esse movimento de ação tem aprendizados que abrangem todos os diversos exemplos, como aceleração digital do varejo, mudanças no papel dos influenciadores digitais, mudanças de comportamento do consumidor, mudanças na cultura das agências, conscientização maior sobre temas de representatividade social, racial e de gênero. Tudo isso parte do que você é, do que você acredita e do que você faz. Fazer é muito importante hoje.”
A inadiável aceleração digital
"A tendência é uma aceleração digital. As compras online, além de terem suas frequências intensificadas, atingiram um público maior. Os exercícios físicos online ganharam espaço. O ensino a distância tem sido mais explorado, ainda que a questão social no Brasil apresente várias limitações para isso. Esses hábitos abriram uma janela interessante para o consumo e democratizaram o acesso da tecnologia para muitas pessoas que só se aventuraram no mundo digital, pela primeira vez, por causa do isolamento social e da pandemia. Muitos idosos, por exemplo, têm se familiarizado com o mundo digital e tendem a assumir estes hábitos a médio/longo prazo."
Foco na diversidade
“Quando falamos em diversidade, as associações mais óbvias são diversidade racial, de gênero e social. No entanto, o tema tem uma amplitude bem maior, que inclui, por exemplo, diversidade regional/cultural. Fica um convite para as empresas (e eu incluo a minha no bolo) refletirem e entenderem se o momento não é oportuno para começarmos a buscar profissionais em outras regiões do país (ou até mesmo fora), além da região na qual a empresa está sediada. Se conseguirmos derrubar a exigência da presença física, ampliaremos o raio de busca de candidatos para as vagas que temos.”
Construindo marcas: maior escassez pede mais sensibilidade
“Sobre construção de marca: continuamos ajudando nossos clientes a encontrar e apostar do jeito certo em oportunidades, a investir com o melhor retorno possível na combinação de tecnologia e criatividade para ampliar sua base de clientes, suas experiências de marca, seus serviços, para que no final seus negócios possam crescer. O que muda efetivamente é o contexto. Sabemos que essa crise é muito diferente porque cria um contexto que aponta para uma reconstrução muito lenta, onde muito do que estamos vivendo hoje deve se tornar perene. Quem quiser prosperar — marcas, empresas, profissionais de marketing — terá de fato que aprender rapidamente a vender e a se comunicar com muita fluência em um contexto de mais escassez, o que vai exigir muito mais assertividade, sensibilidade, criatividade e precisão.”
Um norte em meio à pandemia: dados e pesquisas como bússola
“O que nos ajudou a achar um norte em meio à pandemia foram dados e pesquisas, que temos o privilégio de deter — dentro dos padrões autorizados pela legislação e ética cabíveis —, e que se tornaram nossa bússola, nos dando os parâmetros de ação. Por isso, bebemos dessa fonte desde o começo da pandemia e pautamos nossas estratégias no novo comportamento das pessoas, a fim de colocar nossas marcas na conversa popular de forma relevante.”
Próximos passos: normatização do trabalho remoto
“Temos discutido bastante sobre o home office e a capacidade de gerar saúde mental para os funcionários. Pegando exemplos de empresas de São Paulo, com pessoas que levam de uma a duas horas no trânsito para ir e voltar [do local de trabalho], é preciso considerar o impacto na saúde mental delas e na eficiência da empresa. Uma mudança que eu gostaria de ver de forma permanente é esta: normalizar o trabalho remoto. Não precisamos nos encontrar mais presencialmente, a não ser que seja algo muito importante. Isso traz um impacto positivo na vida de muita gente, além de outros desdobramentos: diminuição do trânsito, poluição e mais outros fatores.”