Quanto mais mulheres em cargos de liderança, melhores os resultados financeiros de uma empresa.1 Essa afirmação poderia ser senso comum, mas é um caso de negócio confirmado em um relatório publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência da ONU.
E uma das faces da liderança feminina se mostra no empreendedorismo. Uma em cada seis mulheres em todo o mundo tem a intenção de começar um negócio em um futuro próximo.2 A ambição de se tornar uma empreendedora é mais alta em países de menor renda, como o Brasil.3 Há, ainda, grande diferença entre as jornadas de empreendedores negros e não negros.
Mas qual o motivo – e por que nem tudo são flores na jornada das empreendedoras?
Uma pesquisa de 2023 realizada pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora apontou que as mulheres que lideram o próprio negócio têm, principalmente, entre 30 e 45 anos e estudaram até o ensino médio. Nesse cenário, mais da metade (55%) das empresárias ouvidas iniciaram seus negócios por necessidade: como consequência de baixa escolaridade, baixo rendimento financeiro ou após a maternidade, por exemplo.4
Nós conversamos com três empreendedoras que fazem parte da rede do Google for Startups, iniciativa do Google que conecta pessoas, produtos e melhores práticas para ajudar no sucesso de startups. As fundadoras mostram, a partir da experiência delas, como foi a jornada até aqui e o que fazer para apoiar mais mulheres no empreendedorismo, em especial na área de tecnologia. Leia abaixo.
Criando uma comunidade de mulheres empreendedoras
Aqui na Creators, criamos uma tecnologia proprietária que promove a diversidade de grupos sub-representados, incluindo nichos autodeclarados pelos próprios creators, como indígenas, asiáticos, negros, mulheres, pessoas 50+, PcD e pessoas gordas, gerando mais oportunidades para esses grupos e uma coleta de dados mais precisos sobre a diversidade real estampada nas estratégias de comunicação.
Venho de uma carreira corporativa no marketing até ser picada pelo bichinho da startup, e foi amor à primeira vista. Mas a cadeira de fundadora é bem diferente da de especialista. Como mulher preta, tinha apenas o conhecimento básico necessário para trabalhar na área de marketing – o que não é o mesmo que ter um negócio baseado em tecnologia. É uma lógica muito mais aprofundada.
Consegui fazer mentorias com especialistas para entender mais de produto, tecnologia e modelo de negócios, e foi quase um MBA. Uma das coisas que me encantou muito no ecossistema de startups é que existe um acordo universal de retribuição [essa filosofia é conhecida como “give back”]. Sempre contamos com o auxílio de mentores, investidores-anjo e advisors, mas também de outros fundadores que já passaram por essas experiências. Fui muito ajudada no início, então foi um presente ter a oportunidade de ser mentora também.
A Creators LLC é uma plataforma para gerir e metrificar campanhas de marketing de influência, e monetizar criadores.
Abrindo caminho para mais mulheres na tecnologia
Se encontrar desenvolvedoras mulheres já é difícil, imaginem fundadoras de startups de tecnologia. Sou do time que acredita que a inteligência artificial não vai acabar com o trabalho dos profissionais de marketing, e sim potencializar os resultados daqueles que a adotarem. Vejo a IA como uma ferramenta que dá superpoderes ao time de growth da mesma forma que as ferramentas de automação de marketing mudaram esse mercado décadas atrás.
Fundei a Croct com o Marcos, e o produto nasceu de uma dor que nós dois vivemos juntos quando trabalhamos em uma startup — ele como CTO, eu como CMO. E o meu primeiro desafio foi mostrar para investidores que, apesar de ter um cofundador técnico homem ao meu lado, ele não era o único cérebro do produto. Precisei lidar com ceticismo, trabalhar duro para contornar a falta de confiança e mostrar que, sim, eu tenho domínio do assunto e podemos conversar de igual para igual.
Reconheço que sou privilegiada por ter acesso a uma rede de apoio muito grande e continuo acompanhando trajetórias difíceis de mulheres que, diferentemente de mim, não tiveram esse privilégio. Metade do time e dos parceiros da Croct é composto por mulheres. Já participamos de muitos programas que prezam pela diversidade e inclusão, e hoje faço parte de diversos grupos de empreendedoras e desenvolvedoras mulheres. Isso me ajuda muito a lidar com os desafios do mercado tech no dia a dia.
A Croct é uma plataforma de personalização de sites e testes AB, criada com foco em performance e developer experience.
Errar, aprender e recomeçar é sempre mais fácil com uma rede de apoio
Quando comecei a empreender, este era um mercado que praticamente só tinha homens. Eu tinha 20 anos e muito pouca experiência de trabalho, e começar uma empresa do zero foi um grande desafio. A jornada empreendedora é cheia de altos e baixos e, muitas vezes, parece que tudo está dando errado, principalmente no início. Acabei aprendendo muito na prática, e lidar com a pressão e adversidades ainda tão jovem foi fundamental para o meu crescimento pessoal e profissional.
Para outras mulheres em posições semelhantes, meu conselho é que saibam que os altos e baixos serão constantes, aprendam a se perdoar pelos erros, tirem aprendizados deles, e busquem apoio em redes de mentoria e grupos de empreendedoras. Atualmente, tenho visto diversas iniciativas diferentes, como maior acesso a financiamento e recursos, programas de capacitação e mentoria específicos para mulheres e grupos de empreendedoras, e sei como são importantes.
O caminho ainda é muito longo pela frente, mas fico feliz de saber que hoje em dia essa preocupação existe, pois é assim que começa.
A Cuponeria Loyalty ajuda grandes empresas com soluções de Clubes de Benefícios, Marketplace e Gamification. Mais de 10 milhões de clientes dessas empresas utilizam a ferramenta mensalmente.