No Google, acreditamos no poder dos dados como agentes de transformação. Os números são capazes de mostrar o que pessoas de diferentes interseccionalidades buscam. Com base nas estatísticas, descobrimos que a comunidade trans é uma das populações que enfrenta as formas mais graves de marginalização e discriminação dentro do mercado de trabalho.
Para se ter uma ideia, apenas 4% das pessoas trans no Brasil estão inseridas no mercado de trabalho formal.1 Ainda assim, as buscas relacionadas a trabalho e população trans só crescem:
Nos últimos anos, temos trabalhado para dar mais visibilidade para a população trans no Brasil e na América Latina. E também temos nos perguntado de forma contínua: como contribuir para mudar essa realidade?
Aprendizado constante
Esse questionamento deu início a uma estratégia de longo prazo que busca dar visibilidade e reconhecer a luta da comunidade trans no país, compartilhando conhecimento e chamando atenção para o tema.
Em 2019, promovemos a campanha #ConviverTransforma: Juntos na busca pela visibilidade trans, na qual fornecemos dados e informações para ajudar a educar e reduzir o preconceito contra essa população.
Entendemos que fazer campanhas com foco em diversidade, equidade e inclusão é também um espaço para um aprendizado contínuo. Por isso, em 2020, depois de um workshop interno conduzido pelo criador Luca Scarpelli, do canal Transdiário, aprendemos mais sobre convivência e empatia, além da importância de comportamentos básicos como o respeito ao nome. Foi assim que disponibilizamos uma espécie de tutorial do que fazer para o uso do nome social para usuários que buscassem por "passo a passo retificação de nome e gênero".
Em 2021, com a pandemia, o Google Trends lançou uma central de insights dedicada ao Dia da Visibilidade Trans, na qual reunimos números e gráficos sobre a busca por direitos, o interesse por personalidades trans e os desafios enfrentados pela comunidade no Brasil.
Foram muitos marcos desde o lançamento da campanha #ConviverTransforma. E, neste ano, essa jornada ganhou um novo capítulo na América Latina, com o foco na empregabilidade.
A campanha “Profissionais Excepcionais”, cuja peça central é um curta-metragem de dois minutos, com profissionais trans celebrando suas conquistas em uma ballroom, espaço histórico da resistência queer, tem como objetivo abordar a importância da empregabilidade para reduzir a vulnerabilidade da comunidade trans.
Nesse caminho que percorremos ao longo dos últimos anos, foram muitos aprendizados. O principal deles é que o marketing pode (e deve) ser um agente transformador, criando e multiplicando mensagens inspiradoras com foco em diversidade, equidade e inclusão. Para ajudar a apontar um caminho, reunimos três pontos que foram essenciais em nossa jornada:
1. Seja consistente
Nenhuma mudança real é alcançada da noite para o dia, nem com uma campanha isolada. Construí-la implica pensar a longo prazo, ter clareza sobre o objetivo pelo qual trabalharemos na inclusão de uma comunidade sub-representada e que ações concretas faremos por isso.
2. Impulsione a mudança interna
Assim como o marketing pode reforçar estereótipos, ele também pode rompê-los e contribuir para construir novas visões. Para isso, é fundamental que as mensagens de uma campanha não sejam apenas orientadas para fora da organização. Esses princípios devem reverberar dentro das próprias empresas.
Aqui no Brasil, por exemplo, procuramos fazer a diferença doando bolsas de estudo no Coursera para que pessoas trans possam se aprimorar. Até 2026, serão oferecidas mais de duas mil bolsas de formação em suporte de Tecnologia da Informação (TI), análise de dados, gerenciamento de projetos e design UX. Com mais profissionais preparados, a população trans pode esperar um aumento no número de contratações e uma melhora na qualidade de vida de toda a comunidade.
3. Crie com a comunidade
Entendemos que é importante criarmos uma agenda e cronogramas dentro das empresas para que uma pauta se mantenha relevante. Mas, para fazer isso de modo legítimo, é preciso ter pessoas trans participando das campanhas e processos. Nesse sentido, trabalhar com membros da comunidade e adicioná-los às suas equipes criativas desde o início do processo é essencial.
A parceria com criadores de conteúdo trans de toda a América Latina para que pudessem compartilhar suas experiências e ampliar essa importante mensagem, por exemplo, foi parte importante da nossa campanha.
Além disso, é imprescindível consultar especialistas e associações especializadas no grupo para o qual deseja direcionar sua mensagem. Afinal, acreditamos que utilizar uma linguagem adequada é o primeiro passo para ser mais inclusivo.
O Super G foi desenvolvido pela artista e designer manauara Auá Mendes, artista trans indígena, como parte do nossa campanha sobre empregabilidade trans.
Um caminho de longo prazo
Para além das campanhas de visibilidade trans dos últimos anos, nosso compromisso com a diversidade é uma constante. Por isso, queremos inspirar mais marcas e agências a agirem como agentes de transformação, gerando diálogo, empoderando vozes e promovendo mudanças estruturais. Essas ações são apenas os passos iniciais em um caminho de longo prazo.