Como Technical Writer do Google Cloud – e como alguém que trabalha nesse setor há mais de 20 anos –, a tecnologia teve um grande impacto na minha vida. Ela me deu uma profissão que amo e me mantém conectada a colegas de trabalho, amigos e familiares que estão espalhados pelo mundo.
Mas além disso, a tecnologia me ajuda a realizar tarefas cotidianas de maneiras que muitas pessoas nem imaginam. Eu tenho aniridia, uma doença ocular rara que causa uma má formação nos olhos. Entre outros sintomas, sou sensível à luz, tenho baixa visão severa, que não pode ser corrigida com lentes ou cirurgia, e meus olhos se mexem involuntariamente.
As tecnologias que me ajudam a lidar com os desafios que enfrento não beneficiam somente a mim. Elas beneficiam todos.
A maioria das pessoas não percebe o grau da minha deficiência porque sou bastante independente. Os desafios que enfrento cotidianamente são coisas pequenas que passam despercebidas para muitos. Por exemplo: eu não consigo fazer contato visual e por isso acabo perdendo interações não verbais. Para mim, atravessar a rua é uma versão real do video game Frogger, em que um sapo precisa cruzar uma rodovia e um rio para chegar em casa. Ler cardápios e fazer compras pode ser difícil. E me locomover por aeroportos ou encontrar um carro de aplicativo são tarefas bem estressantes.
Mas eu uso a tecnologia para criar alguns truques que me salvam. Eu ajusto a ampliação da tela do meu Google Doc durante reuniões, o que não muda a tela de mais ninguém. Eu também dou um zoom nos professores durante aulas virtuais de dança. Eu uso atalhos no meu teclado e fragmentos de textos predefinidos para trabalhar de forma mais produtiva. Eu planejo tudo antes de viajar e salvo as informações mais importantes no Google Maps. Eu tiro fotos de cardápios e placas para que eu possa lê-los com mais facilidade no meu telefone.
Todo mundo se beneficia com um design mais inclusivo
As tecnologias que me ajudam a lidar com os desafios que enfrento não beneficiam somente a mim. Elas beneficiam todos. Ferramentas de acessibilidade como o Modo Escuro, a Assistente Google e a legenda instantânea auxiliam muita gente e fazem com que as experiências individuais usando alguns produtos sejam ainda melhores. E vale dizer que esses recursos ajudam as pessoas com deficiências permanentes, situacionais ou temporárias.
Um design que fornece diferentes maneiras de interagir com as pessoas gera produtos e serviços que são mais usáveis por todo mundo.
O efeito positivo de um design que leva em consideração possíveis limitações e deficiências das pessoas é chamado de “corte do meio-fio”. Esse nome vem das rampas na calçada, cuja primeira função é promover o acesso a cadeirantes, uma medida que também ajuda muito mais gente, como ciclistas, skatistas, pessoas que estão empurrando um carrinho de bebê, malas de rodinhas, ou que usam bengalas e muletas. Ou seja, apesar de terem sido feitas para pessoas com deficiência, as rampas são úteis para todo mundo.
Transforme acessibilidade em customização
Há uma lição importante no “corte do meio-fio” em que eu sempre penso quando estamos criando novas tecnologias aqui no Google: se você está envolvido no design, na criação, na venda ou no auxílio de produtos e serviços, eu desafio você a pensar a acessibilidade como customização. Muitas pessoas veem a acessibilidade como uma ferramenta extra ou um produto feito especificamente para alguém com deficiência. Mas recursos como o Modo Escuro ou as legendas são de fato uma maneira de customizar a experiência, o que é vantajoso para um público bem mais amplo.
Nós estamos, a todo momento, em contextos diferentes em que precisamos ajustar como interagimos com os dispositivos e as pessoas ao nosso redor. E um design que fornece diferentes maneiras de interagir com as pessoas e o mundo ao nosso redor gera produtos e serviços que são mais usáveis por todo mundo.