Estamos na Era da Informação, e a vontade de buscar conhecimento nunca foi tão grande. Temos visto isso acontecer no YouTube – segundo uma pesquisa feita nos EUA, 86% dos entrevistados usam a plataforma com frequência para aprender coisas novas1. No Brasil, esse número sobe para 90%. É por isso que estamos investindo em conteúdo educacional (leia nossas prioridades para o YouTube, em inglês, aqui).
Se existe uma marca que entendeu isso de verdade, foi o TED-Ed, o braço jovem e educacional da organização TED. Depois de seis anos de lançamento do canal no YouTube, o TED-Ed conseguiu mais de 1 bilhão de views e 7 milhões de inscritos. Hoje, o canal está ganhando mais de 250 mil inscritos por mês.
Para entender melhor o que outras marcas podem aprender com o sucesso do TED-Ed, conversamos com o seu diretor fundador, Logan Smalley. Antes de começar o canal, Logan era um documentarista premiado e professor de ensino médio para alunos especiais.
Gina Shalavi: No YouTube, sua base de seguidores é enorme e engajada. Qual é o segredo do seu sucesso, e como os segmentos fora da educação podem repetir esse feito?
Logan Smalley: Minha equipe é obcecada em entender a mentalidade do público. E se a gente resumisse esse mindset em uma frase curta, ela seria: “sempre curiosa”. As pessoas têm um desejo natural e insaciável de aprender coisas novas. O nosso foco é suprir essa necessidade com um estoque infinito de vídeos instigantes e de alta qualidade.
Como queremos alimentar essa curiosidade do público, preferimos encarar o conteúdo menos como o ato de criar um único vídeo, e mais como a arte de construir um acervo e um relacionamento de longo prazo com os nossos inscritos. É por isso que sempre nos fazemos duas perguntas ao criar um vídeo: 1) Ele vai ensinar alguma coisa para as pessoas? 2) Ele vai inspirá-las a aprender ainda mais? A primeira pergunta tem a ver com o motivo das pessoas se engajarem com o nosso canal hoje, enquanto a segunda tem a ver com elas querendo voltar a ele amanhã.
Ao juntar os dois pilares estratégicos – entender e atender à mentalidade do público e abordar a produção de conteúdo de modo holístico –, não estamos mais só criando um canal no YouTube. Estamos cultivando uma comunidade e celebrando um conjunto de valores compartilhados.
Há algum tema ou formato em particular que você acha que faz mais sucesso?
Quando pensam no TED, todos sempre lembram das palestras do TED Talks. Sair desse formato reconhecido e amado pelas pessoas para começar a criar as animações do TED-Ed foi um risco enorme, mas valeu a pena.
Se trabalharmos bem o roteiro, o storyboard, a narrativa, a música e os efeitos sonoros, poderemos usar a animação para contar histórias com mais informação em menos tempo. Um dos nossos vídeos, por exemplo, é sobre o que aconteceria com o mundo se os humanos sumissem de repente. Daria um trabalho enorme construir essa imagem para o público em uma palestra, mas uma animação faz as pessoas passearem entre imagens em movimento, guiadas por um narrador.
E você já tentou fazer alguma coisa no YouTube que deu errado?
Sempre tentamos inovar, criar novos estilos de animação, conceitos e abordagens narrativas. Na verdade, tentamos pelo menos uma coisa nova na maioria dos vídeos, mas isso nem sempre dá certo.
Por exemplo, às vezes um narrador ou animador tenta ser engraçado. O humor é ótimo e ajuda muito no valor educacional do vídeo... quando funciona. Mas isso é uma das coisas mais difíceis de acertar, e quando uma piada ou uma metáfora não cai bem, isso pode estragar o vídeo inteiro.
Quem não tem nenhuma experiência fracassada no seu canal do YouTube não está assumindo riscos o suficiente.
Mas assumir riscos é assim mesmo. Quem está sempre com medo de errar nunca vai criar nada realmente incrível. Do mesmo jeito, quem não tem nenhuma experiência fracassada no seu canal do YouTube não está assumindo riscos o suficiente – e isso limita o seu sucesso.
Só mais uma coisa, porque já ouvi demais esse papo de “você precisa fracassar pra vencer”. Isso só dá certo se o seu ambiente de trabalho for seguro, onde ninguém está apontando seus erros ou procurando culpados. No TED-Ed, assumimos riscos como equipe: compartilhamos os acertos e aprendemos juntos quando erramos.
É interessante você falar de vídeos que erram o tom. Como se descobre o que está e o que não está funcionando?
A melhor coisa de plataformas como o YouTube é que nela, diferentemente de outras mídias, temos um feedback útil, e o tempo todo. Há sempre um sinal imediato que mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo, seja de forma qualitativa, como em comentários, ou quantitativa, como em métricas de minutagem assistidas. Ficamos de olho em tudo isso diariamente, e essas informações direcionam o que devemos (ou não) fazer.
Essa é a coisa linda da internet: ela é um espaço interconectado e interativo. Use essa vantagem.
Essa filosofia colaborativa e de mão dupla, que está no DNA do YouTube, é bem importante para nós. Temos, por exemplo, um processo aberto de sugestões, onde qualquer editor ou especialista pode mandar ideias de vídeos. Essa é a coisa linda da internet: ela é um espaço interconectado e interativo. Use essa vantagem.