Você gosta de vídeos de compras? Se sim, saiba que não está sozinho. Esse tipo de conteúdo sempre foi um hit no YouTube, e, nos últimos anos, a tendência tem ficado ainda mais forte e diversificada. Só nos EUA, os vídeos do gênero quintuplicaram seu watch time entre 2016 e 2018.
Mas não só lá. O fenômeno é global, e temos também vários creators brasileiros usando o assunto "compras" de forma inovadora, como combustível para chamar a atenção de novas audiências.
Com tanta gente vendo esse tipo de vídeo, não é surpresa que várias das tendências mais populares da plataforma este ano sejam relacionadas a compras. Três delas estão crescendo bastante no YouTube:
Copiando as compras da pessoa da frente
Quem nunca ficou indeciso na hora de responder a esta pergunta simples: “O que você quer pro jantar?”?
Esse “desafio” dos tempos atuais inspirou o creator do YouTube Derek Gerard a decidir que, por 24 horas, ele compraria exatamente a mesma coisa que a pessoa à frente dele em qualquer fila comprasse. E assim foi, em lanchonetes, supermercados, entre outros lugares: Derek deixou a decisão nas mãos do acaso e viralizou uma nova tendência.
Entre abril e maio, foram publicados mais de 1,2 mil vídeos dessa tendência, que, até agora, somaram 75 milhões de views. A ideia pode parecer meio de nicho, mas faz parte de um fenômeno maior relacionado a compras: há tanta opção por aí que as pessoas estão perdidas, pedindo ajuda, e não só dos creators que seguem: mais de 70% dos consumidores querem aprender mais sobre produtos pelo YouTube.
Vídeos assim podem ser divertidos. Fabi Santini é uma das YouTubers brasileiras que criaram versões da mesma ideia. Ela passou um dia inteiro comendo as mesmas coisas que desconhecidos comiam à sua frente, em vários restaurantes. Teve quase meio milhão de views, provando que existe interesse do público em descobrir como a coisa se deu.
É ruim, mas é bom
A maioria de nós – 82%, segundo pesquisa da Pew – lê reviews antes de comprar algo. Mas dá para confiar neles? Dados indicam que não, por isso outra tendência que observamos é interessante: YouTubers testando os melhores, mas também os piores reviews de estabelecimentos.
A tendência foi popularizada pelo YouTuber Philip Solo em restaurantes, mas migrou para outros ramos, como hotéis, e até mesmo nichos improváveis, como o de piscinas. Essa tendência mostra que muita gente assiste a reviews só por diversão.
E entretenimento é mesmo ingrediente indispensável no vídeo do gênero publicado pelo Ana Maria Brogui, canal com 3,5 milhões de inscritos. Afinal, como seria o hotdog mais mal avaliado no iFood? Faça como quase 1 milhão de pessoas, clique para ver:
E “o pior restaurante da minha cidade”?
O vídeo de Carol Bresolin já teve quase 1,5 milhão de views.
Carrega que eu compro
E os vídeos de desafios? São uma parte inegável do DNA do YouTube. Os do tipo “eu compro tudo o que você conseguir carregar” foram popularizados por MrBeast. Neles, um felizardo – amigo ou parente – corre por uma loja, com a promessa de que vai ter a conta paga se conseguir encher uma cesta e levá-la ao caixa sem derrubar nada.
É uma tendência que decolou mundialmente. Vídeos com as palavras “I´ll buy”, “anything” ou “whatever” – “compro”, “qualquer coisa” e “o que quer que seja” em inglês – já são mais da metade de todos os vídeos publicados nos últimos meses nos EUA e 19% no Reino Unido, países onde a moda pegou mesmo.
Não ficamos fora dessa também. O canal Mamute Congelado – que se descreve como provedor de zoeiras aleatórias – publicou para seus mais de 4 milhões de inscritos um vídeo parecido.
A creator Camila Loures brindou seus quase 10 milhões de inscritos com uma variação do desafio: a pessoa leva para casa o produto caso acerte o preço exato.
O tema compras vem também rendendo vídeos com um lado social. O YouTuber Jon, do Jon Vlogs, já teve quase meio milhão de views com um vídeo no qual paga os produtos que uma pessoa em condição de rua faz caber em uma cesta de supermercado.
Já sabíamos que reviews de produtos são populares no YouTube: mais de 55% das pessoas dizem pesquisar no Google e no YouTube antes de comprar. Isso ajuda a tornar os vídeos de compras sucesso na plataforma.
Incluindo todas as variações de tom, ou seja, vídeos de compras frenéticas, irônicas, divertidas ou assistenciais, por exemplo, o YouTube teve um watch time de mais de um milênio só nos últimos dois anos.
Por que funciona? Porque o formato deixa os consumidores verem as marcas de um jeito mais próximo e real do que os comerciais. Eles veem gente real escolhendo e reagindo com honestidade a produtos. E, além do mais, isso acontece misturando uma certa nostalgia de programas antigos de TV com a excitação da compra desenfreada. Fica difícil pular um vídeo assim.