Para a segunda parte deste episódio de AI Conversation, Ramiro Sanchez, Sr Marketing Director para Google LATAM, e Doron Avni, Vice President of Government Affairs & Public Policy para Mercados Emergentes no Google, exploram as oportunidades que a IA proporciona para alguns dos grandes desafios da região, como a mudança climática e a segurança alimentar. No bloco anterior, Sanchez e Avni discutiram as possibilidades que a inteligência artificial oferece e que podem transformar a América Latina — tanto no setor público, quanto privado.
Para Avni, a IA vai muito além de números e dados — ela impacta significativamente a vida das pessoas. Ele menciona algumas das iniciativas do Google em parceria com órgãos de governo latino-americanos, tais como o Flood Hub (alertas de enchentes) no Brasil.
O episódio ainda ressalta a importância de ter uma abordagem ousada e responsável com a IA para maximizar os benefícios e minimizar os riscos para a sociedade. Fóruns como o G20, que acontece em novembro de 2024 no Rio, segundo Avni, são fundamentais para incentivar colaborações entre os órgãos governamentais e o setor privado, assegurando essa abordagem responsável em relação à inteligência artificial.
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Ramiro Sanchez: Bem-vindo de volta, Doron. É um prazer continuar nossa conversa. Antes de começarmos, você poderia nos lembrar do que discutimos no último episódio?
Doron Avni: Claro. Primeiro, obrigado pelo convite novamente. Conversamos sobre o impacto transformador que a IA pode ter na América Latina, e sobre a visão do Google; como podemos avançar com a IA de maneira ousada e responsável. Para isso, discutimos o relatório "AI Sprinters" que o Google publicou, que cria um framework que, como você sabe, pode ajudar governos, sociedade civil e setor privado a avançarem e aproveitarem as oportunidades da IA. E o framework que discutimos tem quatro pilares, se você se lembra.
O primeiro é infraestrutura, infraestrutura digital, o investimento nessa área. O segundo, igualmente importante, é investir nas pessoas, em sua capacitação. O terceiro é como promover a inovação tecnológica, por exemplo, usando bem os dados. E o quarto é criar políticas públicas de incentivo. Como podemos fomentar políticas de incentivo com a colaboração de governos, setor privado, que ajudem a IA a prosperar na América Latina?
Sanchez: Doron, as perspectivas sobre o potencial econômico da IA são realmente brilhantes e inspiradoras. Mas a IA não tem a ver apenas com números e crescimento. Envolve também fazer uma diferença tangível na vida das pessoas. Na América Latina, como você sabe, estamos muito preocupados com segurança alimentar e mudanças climáticas. Você pode citar alguns exemplos de como o Google está colaborando com países latino-americanos para enfrentar essas questões?
Avni: Ramiro, concordo plenamente. IA é muito mais do que apenas números em uma planilha, certo? Trata-se de impactar a vida das pessoas de forma significativa, especialmente nas questões que você mencionou. Então, deixe-me compartilhar alguns exemplos. Um deles é um projeto que temos na Colômbia, em que estamos usando ferramentas de IA para otimizar a produtividade das colheitas e reduzir o desperdício. Essa é uma maneira concreta de melhorar a agricultura com o uso de IA.
Outro projeto é o alerta de enchentes do Google, que implementamos em toda a região. Há alguns meses, eu estive no Brasil, e naquele momento houve enchentes devastadoras no estado do Rio Grande do Sul. E tivemos a sorte de poder implementar esses alertas de enchentes. O que estamos fazendo é: combinamos imagens de satélite com dados meteorológicos em tempo real e usamos modelos de IA para prever inundações. Assim, podemos prever enchentes com 48 horas de antecedência e, às vezes, até sete dias antes. Fiquei muito orgulhoso por conseguirmos implementar esses alertas usando o Google Maps e a Busca do Google. Em parceria com as autoridades locais, conseguimos alertar as pessoas sobre a chegada de enchentes e, de fato, salvar vidas, certo? Esses são apenas alguns exemplos do valor, o imenso valor, que a IA pode proporcionar.
Sanchez: Esses são ótimos exemplos de como a IA pode melhorar a vida das pessoas, salvar vidas ou ajudar na segurança alimentar. Mas, ao abraçarmos esse potencial da IA, também precisamos estar atentos aos seus riscos. Você pode falar um pouco mais sobre como o Google está desenvolvendo IA de maneira responsável?
Avni: Ramiro, como você sabe, a IA responsável está no centro de tudo o que fazemos no Google. De fato, fomos uma das primeiras empresas a criar nossos próprios princípios de IA. E isso foi em 2018. Os princípios orientam como desenvolvemos e implementamos IA. O objetivo é maximizar os benefícios e minimizar os riscos. Esses princípios têm tudo a ver com maximizar os benefícios para a sociedade. Agora, este é um grande desafio, certo? É realmente importante trabalharmos juntos. Não se trata apenas de uma empresa ou de um governo. Estamos também colaborando com governos e apoiando iniciativas de alguns deles. Por exemplo, o código de conduta do G7 sobre o uso seguro da IA é algo que o Google apoia. No final das contas, uma IA responsável é um esforço coletivo. E, no Google, estamos comprometidos em liderar o caminho.
Sanchez: É um grande alívio ouvir isso. E, para encerrar, Doron, não posso deixar de pensar na próxima Cúpula do G20 no Rio. Como você vê a IA influenciando a agenda global nos próximos anos?
Avni: Veja, o G20 é sempre empolgante. É uma excelente plataforma para a cooperação internacional. E, certamente, a IA estará no centro das atenções este ano. A propósito, já estamos vendo que o Business 20, que é o grupo da comunidade empresarial que organiza recomendações para os governos no G20, já está considerando um framework para IA, um framework que aborde questões como segurança e governança, mas também as grandes oportunidades que a IA oferece. E, é interessante que isso não se limita… não se restringe apenas ao setor de tecnologia, como se poderia esperar. Na preparação para o G20, há outros grupos que estão estudando diferentes áreas, como anticorrupção, agricultura, direitos das mulheres e cultura. E todos esses grupos também estão analisando ferramentas de IA que permitirão avanços, que nos permitirão repensar essas questões de maneira diferente. Então, há muita oportunidade aí.
Para resumir, quando olho para o G20, vejo uma grande plataforma para que os governos compartilhem melhores práticas. E também espero que, no próximo G20, possamos encontrar novas maneiras para governos e setor privado trabalharem juntos para garantir que a IA seja implementada de maneira segura e responsável, mas também ousada, para todos e em todos os lugares.
Sanchez: E, por falar em G20, embora você esteja longe agora, nos veremos em breve no Rio. E, pensando bem, poderíamos ter esperado e gravado esta entrevista, com Copacabana ao fundo.
Avni: Seria ótimo, não é?
Sanchez: Sem dúvida. Mas, antes de você ir, algumas perguntas rápidas: me diga uma palavra para definir IA.
Avni: Transformadora.
Sanchez: E se você pudesse ter qualquer superpoder relacionado à IA, qual seria?
Avni: Ah, isso é divertido. Acho que seria entender e falar qualquer idioma. Seria útil na minha área de trabalho. E minha namorada é linguista, então acho que ela gostaria disso também.
Sanchez: E uma mensagem para líderes empresariais e da sociedade que estão hesitantes em adotar IA hoje?
Avni: Eu diria que não esperem. Experimentem. Experimentem agora. O futuro pertence àqueles que se adaptam e inovam, enquanto os que hesitam, simplesmente ficam para trás.
Sanchez: Agradeço muito, Doron. E muito obrigado por estar conosco hoje e compartilhar seus valiosos insights. Foi realmente um prazer.
Avni: Muito obrigado, Ramiro. Foi um prazer e espero que da próxima vez possamos fazer isso pessoalmente. Até logo.
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