Mais de 1 bilhão de pessoas - uma em cada sete em todo o mundo - têm algum tipo de deficiência. Ou seja, se você não estiver criando produtos e experiências digitais pensando na acessibilidade, vai acabar deixando um monte de gente de fora. Levei isso muito em conta quando a equipe do Google Primer me pediu para dar uma consultoria sobre a reformulação do seu aplicativo e do seu site.
Com tantos tipos de deficiência para se considerar, eu não sabia por onde começar. Mas fazendo algumas pesquisas, descobri que a maioria delas se encaixa em quatro categorias: visuais, físicas, auditivas e cognitivas. Assim, avaliei o aplicativo e o site do Primer com base em cada uma delas.
Passei um bom tempo desvendando as melhores práticas e lendo diretrizes de acessibilidade de aplicativos e sites. E então, depois de meses de muito trabalho, o Primer lançou as versões novas do seu app e do seu site. Nesse caminho, tiramos quatro lições muito importantes.
1. O conteúdo precisa se destacar
O conteúdo do seu aplicativo ou site sempre é importante – sejam detalhes de produtos, instruções ou atualizações. Mas ele só vai ser relevante mesmo se as pessoas souberem que ele existe.
Trabalhar o contraste de cores é algo que faz grande diferença na percepção de textos e imagens. No caso do Primer, aumentamos o contraste entre as cores do primeiro e do segundo planos, o que deixou os textos mais fáceis de ler. Nisso, usamos o Material Design Color Tool como guia.
Mas, para destacar dados, é importante ir além da cor. Quando inserir um link no meio de um texto, por exemplo, recursos visuais como o sublinhado criam uma marcação que as pessoas com daltonismo conseguem perceber.
2. Crie várias opções de navegação
As pessoas interagem com o seu aplicativo ou site de maneiras diferentes. Alguns portadores de deficiências físicas, por exemplo, podem preferir comandos do teclado, como a tecla Tab ou a barra de espaço. Por isso, criamos um mock-up mostrando como alguém poderia navegar no site do Primer usando somente o teclado, guiando a pessoa por todo o conteúdo na ordem que queríamos.
É claro que nem todos os sites são iguais. Se você tiver um portal de notícias, por exemplo, e alguém quiser ler uma crítica de restaurante, a pessoa não precisa teclar o Tab e passar por todos os seus artigos e seções até chegar lá. É melhor dar a ela alternativas para passar rapidamente pelo conteúdo e chegar com mais facilidade onde quiser.
3. Tudo deve rodar bem, em qualquer lugar
Para garantir que o seu conteúdo seja acessível ao máximo, o seu app ou site precisa rodar em diversos navegadores, além de funcionar bem com tecnologias assistivas - aquelas feitas para ajudar pessoas com algum tipo de deficiência, como leitores de telas.
Uma ideia é incluir textos alternativos (“alt text”) em todas as suas imagens, como fez o Primer. Esse texto é inserido no código e ajuda as pessoas com deficiências visuais a entender melhor as imagens quando usam tecnologias de leitura de tela.
Você também pode rotular itens que sejam interativos, como formulários de texto ou ícones. Se o site tiver um ícone de navegação, por exemplo, ele pode ganhar um rótulo como "mostrar/esconder menu de navegação", e os leitores de tela vão conseguir detectá-lo.
Quando criar rótulos, seja breve e use muitos verbos. Assim, quem usar ferramentas assistivas não vai ouvir descrições longas e vai poder focar só no que precisa fazer.
4. Faça testes, testes e mais testes
Várias ferramentas ajudam a testar a experiência de usuário do seu site ou app, dando ideias para melhorar ainda mais a sua acessibilidade.
Algumas extensões geram relatórios do seu site, como o Lighthouse do Google Chrome, que pode rodar cerca de 30 testes de acessibilidade. Se houver algum erro, você é direcionado para um documento com sugestões para resolver o problema.
Para a experiência mobile, existe o aplicativo Accessibility Scanner. Mas lembre-se que as ferramentas não pegam todos os problemas, então é bom usar pessoas “de verdade” para testar o seu aplicativo ou site.
Outra dica: comece a testar antes de finalizar o processo de criação. Se não fizer testes em todas as etapas, você pode acabar em um caminho sem volta, escolhendo opções de acessibilidade que não vão funcionar para todo mundo.
A acessibilidade passa por várias coisas: ter um conteúdo perceptível, com navegabilidade e clareza, fazer testes, criar um design que funciona em vários navegadores e atender às ferramentas assistivas. Fique de olho nisso para engajar mais usuários e converter mais clientes.
Aprenda como construir um site ou um aplicativo mais acessível. Baixe o aplicativo Primer gratuitamente e procure por "acessibilidade".